No artigo abaixo vai encontrar informações sobre como Consolidar Crédito Habitação com Crédito Pessoal, quais as vantagens e cuidados a ter.

Para facilidade de leitura, dividimos a informação pelos seguintes tópicos principais:

Porquê consolidar créditos pessoais com um crédito habitação?

O crédito habitação é geralmente um Crédito Hipotecário de Habitação, significando que o empréstimo é feito com base no pressuposto de uma garantia colateral – o próprio imóvel que se pretende adquirir, ou um outro imóvel dado como garantia.

Alerta: para que se concretize um empréstimo associado a um imóvel e no caso de a avaliação do seu imóvel já ter caducado, terá de ser feita uma nova avaliação por um perito avaliador.

A consolidação de créditos pessoais com um crédito habitação permite diminuir (por vezes drasticamente) a renda mensal total a pagar pela totalidade dos empréstimos.

Negoceie sempre numa posição de vantagem competitiva!

A primeira regra de conseguir uma excelente consolidação de dívidas é negociar mantendo uma vantagem competitiva.

Mas em que consiste ao certo ter uma posição de vantagem competitiva quando se trata de renegociar e consolidar créditos?

A posição de vantagem competitiva numa negociação de crédito acontece quando não nos encontramos numa situação de dívidas em atraso, ou quando temos uma taxa de esforço atual igual ou abaixo dos 35-40%, sendo que este critério de taxa de esforço está dependente da instituição financeira escolhida.

Sobre a DSTI ou taxa de esforço

O próprio Banco de Portugal fixa o teto máximo da taxa de DSTI nos 50%, mas não impede as instituições financeiras de imporem um rácio inferior para a aceitação de crédito.

A DSTI ou “debt-service-to-income ratio” é o rácio entre a dívida e o rendimento auferido, que neste artigo traduzimos como taxa de esforço.

Como calcular a taxa de esforço (ou DSTI)?

Uma taxa de esforço ou DSTI é simplesmente o resultado da divisão entre as nossas responsabilidades de crédito vs os nossos rendimentos mensais.

Exemplificando:

Neste caso, a Maria está numa boa posição para negociar a consolidação de créditos com o seu banco.

Mesmo que o seu banco não aceite a negociação, basta deslocar-se a outro banco ou a um intermediário de crédito, que após análise financeira terá todo o gosto em iniciar o processo de análise de consolidação dos créditos da Maria.

Muitas vezes é mais vantajoso fazer estas negociações através de uma entidade independente (um intermediário de crédito), com acesso a vários bancos, podendo assim comparar de imediato as melhores condições de 5 ou 6 entidades bancárias. Não apenas isto, mas como os intermediários de crédito fazem dezenas de créditos por dia, geralmente tem acesso a melhores condições do que um particular.

Sandra Carriço – Gestora de Crédito Certificada

Em que situações é vantajoso fazer uma consolidação de crédito?

Existem muitas situações onde é muito vantajoso fazer uma consolidação de crédito e deixamos aqui alguns desses cenários:

  1. Quando um casal se junta / casa e ambos tem diversos créditos espalhados;
  2. Quando a prestação mensal de todos os créditos começa a atingir taxas de esforço acima dos 45%, sendo que nesta caso é bom olhar para as previsões da Euribor e antecipar esse acontecimento;
  3. Quando um dos elementos do agregado familiar fica desempregado;
  4. Numa doença prolongada, onde as despesas mensais sobem bastante;
  5. Quando uma parte dos rendimentos é obtido através de uma compensação variável (comissões ou prestações de serviço) e esses rendimentos ficam substancialmente reduzidos.

Infelizmente, as dificuldades de pagamento de créditos são um problema muito comum nos dias de hoje, porque o endividamento aumentou muito nos últimos anos graças a uma política de juros 0% no indexante Euribor, seguida de aumentos exponencias dos juros desse indexante.

Com os aumentos consecutivos dos juros em 2022, existem reflexos imediatos negativos com aumentos muito significativos no “custo” dos créditos, especialmente nos créditos habitação e nos créditos automóvel que estão indexados à Euribor.

Para referência e melhor entendimento verifique abaixo a evolução das taxas Euribor no período de Janeiro a Dezembro de 2022:

gráfico com a evolução da taxa euribor entre janeiro e dezembro de 2022
Fonte: euribor-rates.eu

Como consequência destes aumentos, quando uma família ou um indivíduo tem vários empréstimos a pagar e se alguns desses empréstimos está indexado à Euribor, as prestações disparam e passam a comprometer grande parte da renda mensal disponível.

Para poder respirar um pouco melhor e ganhar rendimento mensal extra, cada vez mais pessoas optam por juntar todos os seus créditos num só, acto conhecido por consolidação de crédito.

Como consolidar o seu crédito habitação com o crédito pessoal

Consolidar o seu crédito habitação com o crédito pessoal é uma forma eficaz de reduzir de imediato as suas prestações mensais.

Ao consolidar os seus créditos, está a juntar todas as suas prestações mensais e a negociar melhores condições, porque as taxas fixas dos créditos pessoais são sempre mais elevadas que a Euribor.

Além disso, ao criar uma única prestação numa única instituição financeira consegue na esmagadora maioria das vezes o acesso a melhores condições.

DICA: para ter maior margem de negociação e melhores condições, pode comprometer-se a fazer a transferência dos seus seguros (habitação, automóvel, vida, etc…) centralizando tudo num único lugar – as instituições financeiras dão muita importância a esse pormenor.

Sandra Carriço – Consultora Imobiliária e Gestora de Crédito

Esta nova prestação está geralmente associada ao crédito habitação, pelo que sendo diluída por um maior número de meses, o seu valor mensal será significativamente menor do que a soma das suas antigas prestações.

Lista dos documentos necessários para iniciar um pedido de análise de consolidação de crédito

Explicação do que é e para que serve o Mapa de Responsabilidades de Crédito.

Também é importante deixar algumas notas adicionais:

Resumindo, consolidar o seu crédito habitação com os seus créditos pessoais, de consumo ou de cartões de crédito, vai permitir-lhe reduzir o esforço mensal de todos os meses e isso é essencial para poder ultrapassar uma crise como a que estamos a enfrentar.

Exemplo de uma simulação de consolidação de crédito habitação com créditos pessoais

ResponsabilidadeValor em DívidaTAN #TAEGPrestação *PrazoMTIC*
Crédito Habitação200.000€3,943%4,067%948,27€360 meses342.577,22 €
Crédito Pessoal15.000€9%10,846 %273,07€72 meses20.057,10 €
Cartão de Crédito2.500€15,184 %19,482 %121,44 €24 meses2.980,45 €
TOTAIS217.500€N/A1.501,76€N/A365 614,77 €
Custos mensais totais, antes da consolidação de créditos
ResponsabilidadeValor em DívidaTAN #TAEGPrestação*PrazoMTIC*
Crédito Habitação217.500€3,943%4,067%1.031,24 €360 meses372.552,73 €
Custos mensais totais, depois da consolidação de créditos

# TAN (Taxa Anual Nominal), que no caso do crédito habitação inclui taxa Euribor a 6 meses (2,443% calculada a 08.12.2022) e um spread de 1,5%), incluindo imposto de selo.

* MTIC ou Montante Total Imputado ao Consumidor (capital e custo total).

Nota adicional: os valores acima foram obtidos com recurso ao simulador de crédito habitação do Banco de Portugal e excluem eventuais custos com taxas de amortização de dívida, seguros, comissões ou qualquer outra taxa aplicável.

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A consolidação de crédito por parte de um intermediário de crédito tem custos associados?

Não. Não existem quaisquer custos para quem solicita o crédito consolidado. É a entidade financeira que aceita a operação que vai suportar os custos dos serviços do intermediário de crédito.

Avisos importantes sobre a consolidação de créditos

Antes de consolidar o seu crédito habitação com os seus créditos pessoais deve criar um orçamento familiar onde lista todos os seus gastos médios mensais (alimentação, energia, comunicações, transporte, vestimenta, etc.) e compare-os com a sua renda disponível.

Esta informação permite que saiba ao certo quanto dinheiro pode dedicar às suas prestações mensais. Tenha em mente que deverá tentar manter as suas prestações o mais baixo possível para não comprometer demasiado os seus outros gastos.

Depois de ter um orçamento definido, acompanhe a evolução mensal dos seus gastos e se necessário, faça ajustes para que nunca gaste mais do que aquilo que ganha. Idealmente, deve poupar pelo menos 10% dos seus rendimentos mensais para que tenha uma margem de manobra em alguma urgência.

Uma vez que os seus créditos sejam consolidados, não existe nenhuma maneira de desfazer as coisas. Se contrair mais dívidas do que pode pagar, vai comprometer a sua capacidade de pagamento em futuros empréstimos.

Crédito da imagem: Freepik.

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Posso juntar crédito pessoal a crédito habitação?

Sim, é possível mediante uma avaliação da sua taxa de esforço, do valor atual do seu imóvel e da aceitação de uma instituição financeira.

Qual é o melhor banco para consolidar créditos?

Não é fácil nem simples responder a essa pergunta. Muitas vezes o melhor é recorrer ao próprio banco onde detêm o maior crédito e noutros casos, poderá conseguir consolidar todos os créditos ao consumo junto com o crédito habitação. Isso pode ser feito em várias instituições financeira e inclusive através de um intermediário de crédito para obter melhores condições.

Crédito consolidado 120 meses. É possível?

Sim, é possível. De acordo com as regras do Banco de Portugal, é possível ter um crédito pessoal até ao prazo máximo de 120 meses, ou seja 10 anos.

Como funciona a consolidação de créditos?

Por juntar todos os créditos existentes num único só, é muitas vezes possível renegociar condições de crédito e por vezes até mesmo consolidar créditos pessoais (com juros mais elevados e menos tempo de crédito) com o crédito habitação (que dispõe de uma taxa de juro mais baixa e permite pagar o crédito em mais tempo), o que se traduz numa prestação mensal de valor mais baixo.